Viajar é, na maioria das vezes, uma experiência única. E nada como embarcar nessa com um companheiro fiel e incrivelmente fofo, certo? Mas antes de entrar em um avião para desbravar novos ares junto ao bichinho de estimação, cuidados devem ser tomados para garantir que ele chegue em segurança ao destino final — preparar-se com antecedência e apostar em um bom planejamento são os principais deles. Saiba como viajar com seu pet.
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A jornalista Michele Aisenberg, há cinco anos, se mudou com o marido, os filhos e o cachorrinho Cookie para Portugal. “É claro que jamais o deixaríamos para trás. Ele é um membro da família”, comenta.
Devido à burocracia envolvida na viagem de um pet, principalmente em se tratando de voos internacionais, foi necessário esperar cerca de cinco meses até que Cookie pudesse, enfim, desembarcar em terras lusitanas. “Se a pessoa vai viajar, tem que colocar esse cuidado com o pet no topo da lista de coisas para organizar, pois leva tempo”, avisa Michele.
O primeiro passo para levar um animalzinho para a Europa é a implantação de um microchip, conforme normas ISO 11784 e ISO 11785. Trata-se de um dispositivo minúsculo que, colocado sob a pele do animal, traz informações, como nome e endereço do tutor.
Depois, a vacina antirrábica é aplicada e, 30 dias mais tarde, realizado um teste de sorologia em laboratório aprovado pela União Europeia. A partir daí, é esperar, no mínimo, três meses para levar toda a documentação exigida até uma unidade da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) para a emissão do Certificado Veterinário Internacional (CVI), obrigatório para o trânsito de cães e gatos entre nações.
Vale destacar que cada país possui uma legislação diferente para receber animais em seu território. Por isso, o tutor deve observar as exigências específicas do local de destino. “Para levar o pet para os Estados Unidos são, no mínimo, três meses de planejamento. Já para o Japão, oito”, destaca a veterinária Juliana Stephani, fundadora da PETFriendly Turismo, agência especializada em transporte de animais.
Adaptação leva tempo, mas é a alma do negócio
No próprio site do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), é possível encontrar informações sobre como o tutor deve proceder para levar o animalzinho para diferentes países. Para as viagens nacionais, as exigências são mais brandas.
“O pet precisa estar com a vacina contra a raiva em dia. Além disso, um atestado de saúde emitido dentro do prazo de dez dias antes do embarque deve ser apresentado à companhia aérea”, esclarece Leonardo Dias, gerente administrativo da Petwork Travel, empresa também especializada em transporte de animais.
A atenção à documentação exigida, às vacinas necessárias e às regras da companhia aérea são essenciais. Nada disso, no entanto, é mais importante do que se certificar de que está tudo bem com o pet. “Caso apresente estresse, ansiedade, autoflagelo ou fobia, o correto é que ele não viaje, pois a chance de passar mal durante o voo é muito maior”, orienta Cleber Santos, adestrador e especialista em comportamento animal.
Se estiver tudo certo com a saúde do bichinho, é hora de começar a prepará-lo para a viagem — algo que deve começar bem antes da data do voo. Segundo Juliana, expor o pet ao barulho de turbinas de avião, por meio do YouTube, por exemplo, é uma alternativa, assim como levá-lo a ambientes movimentados, parecidos com a zona de embarque do aeroporto. “O shopping pode ser uma boa opção. Com quanto menos surpresas ele se deparar no dia da viagem, menos medo vai ter”, orienta.
Acostumar o cão ou bichano à caixa de transporte é outro ponto crucial nessa jornada. “Pegar um animal que nunca esteve em uma caixa dessas e, de repente, trancá-lo ali por horas gera a sensação de abandono. É possível que ele fique nervoso e ansioso durante o voo, o que pode levar até ao óbito por estresse”, alerta Santos.
Por isso, o pet deve enxergar a caixa como um local seguro. De acordo com Dias, o indicado é que o tutor tente atrair a atenção do animal para o local investindo em associações positivas, utilizando comida e petiscos, ensinando que ali pode ser um bom lugar até mesmo para uma soneca. “Ele precisa relacionar a caixa a algo que dê prazer e bem-estar. Por isso, jamais force o cachorro ou gato a entrar nela”, enfatiza.
Outra dica dos especialistas para ajudar na adaptação é colocar o animalzinho dentro da caixa e, a partir daí, levá-lo para pequenos passeios de carro.
Energia equilibrada para o embarque
Um dia antes do voo, caminhadas, ou algumas horas em uma creche para animais, podem ajudar a fazer com que a energia do bichinho fique bem equilibrada para a viagem. Para acalmá-lo e também distraí-lo durante o trajeto, vale deixar à disposição dele, dentro da caixa de transporte, brinquedos e objetos para roer.
Santos diz que, no caso dos cães, o ideal é não oferecer nada a eles logo após o voo. “Depois que o pet sair da caixa, deixe-o à vontade para dar uma volta, fazer suas necessidades, de preferência em local aberto, para que seja possível retomar a sua pressão sanguínea e respiratória. Só então, após 15 ou 20 minutos, dê água ou alimento”, finaliza o especialista.
Seu direito de viajar com seu pet
Durante todo o trecho pelo qual o animal é transportado pela companhia aérea, seja no porão, seja na cabine, a empresa possui responsabilidade sobre ele. Fica a critério de cada uma apresentar as condições de transporte de pets em seus voos. De qualquer forma, elas são obrigadas a fazer isso de forma segura para o animal e sem prejudicar os demais passageiros.
No entanto, é preciso entender que cada vez mais os animais possuem seus direitos resguardados no Judiciário. Diante de um problema, o consumidor pode responsabilizar a companhia de forma a reparar seus direitos e de seu pet.
Levando em conta a inexistência de regulamentação específica, o cuidado essencial que deve ser tomado por quem deseja viajar com seu bichinho de estimação é a aposta em uma boa pesquisa.
Tudo pelo seu pet
Próximo ao voo, jejum, pouca água e nada de remédio:
- Comida: Não é aconselhável que o pet coma próximo ao horário do embarque. O jejum deve ser de, pelo menos, seis horas antes do voo, como orienta a veterinária Juliana Stephani.
- Água: Pode ser consumida normalmente até o momento de sair de casa. Depois disso, deve ser oferecida a cada três ou quatro horas – mas só um pouquinho. Barriga cheia de água tende a causar vômitos e enjoos durante a viagem.
- Tranquilizantes: Eles não são indicados. “Em caso de uma reação adversa ao medicamento durante o voo, o pet não terá como ser socorrido. Além disso, as companhias aéreas proíbem essa prática”, afirma Juliana.