Conheça Félicette, a primeira (e única) gata astronauta da história

Conheça Félicette, a primeira (e única) gata astronauta da história
Conheça Félicette, a primeira (e única) gata astronauta da história (Foto: JBC/Unsplash)

Enquanto os soviéticos gostavam de cães e os americanos preferiam os ratos ou os macacos, os franceses foram os únicos que tentaram colocar os gatos no espaço.

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Mesmo estando muito distante dos soviéticos e americanos na corrida, a França estava determinada a ser também uma nação espacial.

Eles começaram a construir uma nova geração de foguetes logo após a Segunda Guerra Mundial e, no início da década de 1950, estava testando um modelo chamado Véronique: um foguete de sondagem que dispararia brevemente no espaço antes de cair em queda livre de volta à Terra sem entrar em órbita.

Os primeiros lançamentos partiram de uma base no alto deserto do Saara, na então colônia francesa da Argélia. Em 22 de fevereiro de 1961, a França tornou-se o terceiro país a lançar um animal ao espaço: um rato chamado Hector, que voou a bordo de um foguete Véronique num curto voo suborbital.

Mas, os franceses tinham ambições maiores. Eles procuravam outro pequeno mamífero para enviar ao espaço, maior que um rato, mas pequeno e leve o suficiente para viajar no cone estreito do nariz na ponta de um Véronique.

Embora coelhos ou cães pequenos pudessem ser adequados, havia uma razão importante para escolher gatos: na época, eles eram amplamente utilizados na França para experimentos neurofisiológicos, examinando como funcionavam o cérebro e o sistema nervoso.

Foi necessário instalar uma contenção para o animal, instrumentos para medir e transmitir dados sobre seu estado físico, um cartucho para absorver o dióxido de carbono que ele exalava, transponders, balizas e paraquedas.

(Foto: Reprodução/YouTube)

Em meados de 1963, o Centro Francês de Pesquisa Aeromédica, Cerma, selecionou 14 gatas para a escola de voo: todas fêmeas, adquiridas de um revendedor e recomendadas por seu temperamento calmo.

Elas foram treinadas por cerca de dois meses, praticando ficar sentadas em um contêiner por horas, sendo giradas em uma centrífuga e suportando o barulho estridente do motor. No início de outubro, as gatas que pareciam tolerar melhor foram levadas para a Argélia para se prepararem para o lançamento.

Após vários dias de preparativos, uma pequena gata preta e branca identificada como C341 foi escolhida para se tornar a primeira gata do mundo no espaço. Por volta das 8h do dia 18 de outubro de 1963, a gata C341 decolou na ponta de um Véronique.

Eletrodos implantados cirurgicamente em seu crânio mediram sua atividade cerebral. Sondas mediram sua frequência cardíaca, um dispositivo conectado à sua perna enviou uma pequena corrente elétrica aos seus músculos para testar suas respostas e um microfone gravou os sons que ela emitia.

Elevando-se a 157 quilômetros acima da Terra, o cone do nariz separou-se conforme planejado do resto do foguete. Depois caiu, cada vez mais rápido, inclinando-se e rolando ao reentrar na atmosfera da Terra. Essa era a fase que a gata mais detestava, a julgar pelo coração acelerado.

O paraquedas se abriu e empurrou a cápsula para uma lenta descida. Dez minutos e meio depois, a gata estava de volta ao chão, a apenas alguns quilômetros de onde o havia deixado. Um helicóptero voou para recuperar o cone e seu passageiro, que estava abalado, mas vivo.

(Foto: Reprodução/YouTube)

Os próximos dois meses foram gastos realizando testes na gata. Teria seu contato com o espaço sideral afetado seu comportamento, seus músculos, seu sistema nervoso? Finalmente, os investigadores voltaram a sua atenção para o cérebro dela e, na época, só havia uma maneira de examiná-la.

“Eles a sacrificaram para que pudessem observar as áreas do cérebro, especialmente em torno de onde estavam os eletrodos, para ver se eles haviam causado algum problema”, explicou Kerrie Dougherty, historiadora espacial que leciona na Universidade Espacial Internacional, ao site da RFI.

“Acontece que aparentemente não havia nenhum. Então ela provavelmente poderia ter continuado vivendo feliz por mais algum tempo. Mas é uma destas coisas: na época eles não sabiam disso até que o fizeram”, acrescentou ela.

Em 2019, Félicette ganhou uma estátua memorial no Pioneer Hall da International Space University. “A história de Félicette é uma pequena parte dessa busca para entender o que o espaço faz ao organismo vivo”, observou Dougherty.

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