Gatos são especialistas em esconder suas dores. Por conta disso, é muito difícil para os cientistas estudarem condições como a osteoartrite ou outras causadoras de dores crônicas nos felinos.
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Esse comportamento tipicamente felino levava à necessidade de exames cerebrais para diagnosticar suas condições, mas poucos gatos toleravam o conjunto de eletrodos necessários para serem fixados em suas cabeças.
Em vez disso, os felinos muitas vezes precisavam ser fortemente sedados para o procedimento, o que revelava muito pouco sobre como eles se sentiam enquanto estavam conscientes. Com isso em mente, pesquisadores canadenses criaram um método inusitado para estudar a saúde dos gatos.
Aude Castel, professora assistente de medicina veterinária da Universidade de Montreal que ajudou a liderar o estudo, explicou que a equipe precisava de um novo método para fixar os eletrodos nas cabeças dos gatos de uma só vez e garantir que eles permanecessem lá.
Em humanos, o mesmo procedimento de monitoramento cerebral, chamado eletroencefalograma (EEG), muitas vezes utiliza uma touca que mantém todos os sensores no lugar. “Se podemos fazer isso com humanos, por que não podemos fazer isso com gatos?”, disse ela ao site The Star.
Foi quando Aliénor Delsart, estudante de Ph.D e autora principal do estudo publicado no Journal of Neuroscience Methods, encontrou acidentalmente um tutorial no YouTube ensinando a fazer uma touca de crochê para felinos.
Outro estudante de seu laboratório começou a trabalhar tricotando os chapéus, nos quais estavam embutidos dez eletrodos de EEG folheados a ouro. Nas duas semanas seguintes, a equipe treinou 11 gatos, cada um com osteoartrite, para se acostumarem com os gorros.
Depois, os animais foram alojados em salas ambientalmente controladas, equipadas com poleiros, camas, arranhadores e brinquedos, e receberam guloseimas e carinhos por tolerarem seus novos acessórios.
Então, quando chegou a hora de fazer os exames, os gatos permaneceram calmos e relaxados durante os experimentos. “Alguns deles até adormeceram durante a gravação, como se não se importassem nem um pouco com o que estávamos fazendo”, contou Castel.
No entanto, vale ressaltar que o método não é perfeito. Castel explicou que os gatos envolvidos no estudo eram mais velhos e isso pode ter contribuído no fator de cooperação. Ela teme que um gato mais jovem e mais enérgico possa não aceitar tão bem o procedimento.
Além disso, os exames de EEG eram sensíveis ao movimento, explicou ela, e isso poderia distorcer os resultados. Como os eletrodos eram muito sensíveis, eles também podiam captar outras atividades elétricas na sala, como sinais do celular.
Mesmo assim, eles acreditam que as suas descobertas têm implicações de amplo alcance para os cuidados veterinários no futuro. “Queremos mostrar como usamos esta técnica para aprender mais sobre a dor crónica e como ela pode ser modulada. Acho que isso pode ser um enorme mudança na forma como abordamos a dor em gatos num futuro próximo.”
Este conteúdo foi criado com a ajuda da IA