Cientistas criam sistema de controle de natalidade em gatas que dispensa cirurgia

Cientistas criam sistema de controle de natalidade em gatas que dispensa cirurgia
Cientistas criam sistema de controle de natalidade em gatas que dispensa cirurgia (Foto: Erik Jan Leusink/Unsplash)

Pesquisadores desenvolveram um controle de natalidade permanente para gatas. A nova descoberta significa que as gatas não precisam passar por uma cirurgia invasiva para serem esterilizadas, de acordo com um novo estudo.

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De acordo com especialistas, a população mundial de felinos atingiu cerca de 600 milhões, e cerca de 80% deles estão soltos. Atualmente, o principal método de esterilização de gatos envolve cirurgia, um procedimento caro e arriscado.

A nova técnica, descrita em um artigo publicado na última terça-feira (6) na revista Nature Communications, envolve uma injeção única de uma terapia genética que pode fornecer controle de natalidade de longo prazo para gatas.

O estudo preliminar foi pequeno e envolveu apenas nove felinos, seis dos quais receberam o tratamento. Ainda este ano, os pesquisadores se reunirão com a Food and Drug Administration dos EUA para discutir como testar ainda mais seu método, disse David Pépin, co-autor do novo estudo e biólogo molecular da Harvard Medical School, em conversa com Elana Spivack, da Inverse.

Hoje, a cirurgia para esterilizar as gatas requer a remoção de seus órgãos reprodutivos. Essa operação invasiva aumenta o risco de infecção e hemorragia do animal e leva de sete a dez dias para se recuperar. Além disso, como a cirurgia deve ser feita por especialistas, a disponibilidade do veterinário também limita o quanto o progresso pode ser feito.

“Precisávamos de uma maneira de tirar o cirurgião altamente treinado de cena e permitir que um leigo pudesse dar uma injeção que impedisse os gatos de se reproduzirem”, explicou William Swanson, coautor do estudo e veterinário da vida selvagem no Zoológico de Cincinnati, em conversa com Connie Chang, da National Geographic.

Eficácia 

No estudo, as gatas foram injetadas no músculo da coxa. A injeção entrega uma célula viral (com as partes que causam a doença removidas) e dentro da célula está o material genético.

O DNA diz aos músculos do gato para criar uma proteína chamada hormônio anti-Mülleriano, até atingir 100 a 1.000 vezes o nível normal, de acordo com a New Scientist. Isso parece impedir que os ovários amadureçam e liberem óvulos.

Para testar se a injeção foi eficaz, os pesquisadores montaram dois testes de acasalamento de quatro meses com gatos machos que começaram oito e 20 meses após o tratamento. Eles alojaram os nove gatos em um grupo com um macho que já havia cruzado antes e gravaram um vídeo para documentar as interações de acasalamento.

Em ambos os testes, as três gatas do grupo de controle ficaram grávidas e deram à luz gatinhos saudáveis. Das seis gatas que receberam o tratamento, duas acasalaram com machos, mas nenhuma ficou grávida, segundo o The New York Times.

“Isso realmente pode mudar o jogo, se conseguirmos que funcione tão bem quanto esperamos”, ainda disse Swanson à National Geographic.

Ainda assim, Daniela Chavez, bióloga de reprodução de gatos da Towson University, que não participou da pesquisa, diz ao Atlantic que as descobertas devem ser consideradas “realmente preliminares”.

Segundo ela, mais pesquisas (com grupos maiores de gatos) serão necessárias para confirmar se o tratamento é seguro, quanto tempo dura e quão eficaz é realmente.

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