Os papagaios que vivem em cativeiro, ao contrários das aves selvagens, geralmente vivem sozinhos e, portanto, podem estar perdendo a socialização com outros pássaros. Para resolver esse problema, um novo estudo criou videochamadas entre papagaios, permitindo que eles façam amigos e atendam às suas necessidades sociais.
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O primeiro experimento desse tipo foi realizado durante três meses e contou com 18 pássaros de várias espécies de psitacídeos, incluindo papagaios-cinzentos africanos, calopsitas e araras. Segundo os pesquisadores, é o primeiro estudo a oferecer aos animais os meios de contatar outros animais sempre que quiserem.
Tudo começou com uma fase um, “conhecer e cumprimentar”, configurada para que os pássaros aprendessem uma conexão entre tocar um sino, tocar uma foto de outro pássaro em seus tablets e, posteriormente, conectar-se com o pássaro de sua escolha por meio de um videoconferência.
As aves foram organizadas em cinco grupos diferentes. Durante a primeira fase, cada ave se encontrou duas vezes com todas as outras aves de seu grupo e recebeu uma recompensa por tocar a campainha, mas não durante as próprias chamadas.
A chamada era encerrada se os papagaios mostrassem desinteresse, saíssem do espaço ou exibissem qualquer sinal de estresse e, nesse estágio, aqueles que o faziam com frequência eram liberados do estudo.
Na fase dois, as 15 aves restantes foram reordenadas em seis grupos menores. Aqui eles tiveram várias sessões de três horas nas quais podiam escolher fazer chamadas para outras aves em seu grupo, com um máximo de duas chamadas por sessão de três horas.
Após cada sessão, os cuidadores carregavam as gravações de vídeo e enviavam um diário da videochamada. No final da fase dois, cada cuidador preencheu uma pesquisa pós-estudo e uma entrevista.
Os comentários da entrevista e da pesquisa mostraram que os cuidadores perceberam que as aves gostam da experiência de fazer videochamadas com outras aves. Nenhum dos cuidadores relatou uma experiência negativa com sua ave.
Alguns dos cuidadores relataram novos comportamentos de seus animais de estimação, incluindo novos comportamentos de vôo, comportamentos mais calmos e novos comportamentos de forrageamento.
No geral, a equipe descobriu que a maioria dos pássaros (78%) reagiu à presença de outro pássaro na tela e que os papagaios reagiram de maneira diferente dependendo de qual pássaro estava do outro lado da linha.
Além disso, quanto mais chamadas os papagaios recebiam, mais chamadas eles faziam e eram mais propensos a permanecer engajados durante as chamadas que haviam iniciado.
“Vimos alguns resultados realmente encorajadores do estudo. Os papagaios pareciam entender que estavam realmente se envolvendo com outros pássaros na tela e seu comportamento muitas vezes refletia o que esperaríamos das interações da vida real entre esses tipos de pássaros”, disse a Dra. Jennifer Cunha, coautora e cofundadora do Parrot Kindergarten, Inc., em um comunicado.
“Todos os participantes do estudo disseram que valorizam a experiência e gostariam de continuar usando o sistema com seus psitacídeos no futuro”, acrescentou ela.
A equipe continua trabalhando em conjunto no desenvolvimento de estruturas éticas robustas para o bem-estar físico, mental e emocional dos animais que não se concentram em cuidadores humanos.
“Estudos como este nos ajudarão a aprender como isso se parece e como podemos construir sistemas melhores nos próximos anos”, sugeriu Ilyena Hirskyj-Douglas, da Escola de Ciências da Computação da Universidade de Glasgow, na Escócia.