Há varias razões para um cão ser agressivo, e uma delas tem a ver com você

Há varias razões para um cão ser agressivo, e uma delas tem a ver com você
Há varias razões para um cão ser agressivo, e uma delas tem a ver com você (Foto: Isabel Vittrup Pallier/Unsplash)

Apesar de algumas raças de cães carregarem a reputação infeliz de serem mais agressivas do que outras, um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo revelou outros fatores como tendo influências mais fortes sobre o comportamento agressivo dos cães.

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A pesquisa, publicada na revista científica Applied Animal Behavior Science, envolveu 665 cães domésticos (Canis familiaris) no Brasil.

“Os resultados destacam algo que já estudamos há algum tempo: o comportamento surge da interação entre o animal e seu contexto”, explicou a etóloga Briseida de Resende, da Universidade de São Paulo, ao site Science Alert.

“O ambiente e a relação dono-animal de estimação, bem como a morfologia, são fatores que influenciam como os animais de estimação interagem conosco e como interagimos com eles”, acrescentou ela.

Por meio de uma série de questionários para os donos, o etólogo Flavio Ayrosa e seus colegas da Universidade de São Paulo encontraram várias associações fortes.

Eles descobriram que os cães com donos que brincam com eles e os levam para passear regularmente são menos agressivos com os donos e estranhos. Os níveis de treinamento também foram um forte indicador.

Além disso, a ausência de agressão a estranhos foi 73% mais provável quando o dono do cão era uma mulher. O sexo do cão também parece ter um papel nisso, com uma probabilidade 40% menor de agressão aos donos por parte de fêmeas do que de machos.

Algumas características físicas também mostraram associações, o que pode explicar por que muitos apontam o dedo para raças específicas. Cães com focinhos curtos (raças braquicefálicas), como pugs e buldogues, eram 79% mais propensos a demonstrar agressividade contra seus donos.

Além disso, à medida que a altura e o peso diminuíram, comportamentos indesejáveis, incluindo medo, comportamentos de busca de atenção e hiperatividade, também aumentaram, conforme observado em estudos anteriores.

No entanto, de acordo com os especialistas, uma combinação desses diferentes fatores foi o melhor preditor, em vez de apenas uma característica corporal ou ambiental por si só.

“Encontramos relações, mas é impossível dizer o que vem primeiro. No caso do fator ‘passear com o cachorro’, por exemplo, pode ser que as pessoas passeassem menos com o cachorro porque o animal era agressivo, ou o cachorro pode ter se tornado agressivo porque o dono não saiu [com ele] o suficiente”, afirmou Ayrosa.

“Características como peso, altura, morfologia craniana, sexo e idade influenciam na interação dos cães com o ambiente. Eles podem passar mais tempo dentro de casa por causa deles, por exemplo”, acrescentou ele.

Independentemente disso, é importante lembrar que a agressão é uma forma natural de comunicação para todos os animais e, como todos os comportamentos caninos, é complexa.

Embora ninguém queira que seus animais de companhia confiem na agressão como primeira resposta ao se sentirem preocupados, estressados ​​ou ameaçados com alguma coisa, às vezes há uma razão válida para instâncias de agressão que podem ser resolvidas, como a dor.

“Em vez de determinar a agressão a um único fator comum às espécies ou raças específicas, nossos resultados reforçam como o comportamento individual, combinado com a genética, fisiologia, experiências de vida e contextos ambientais únicos dos cães, interagem ao longo do desenvolvimento para produzir os padrões de expressão observados”, concluíram os pesquisadores.

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