Muitas vezes definimos emoções que nossos pets podem estar sentindo por meio da análise de suas expressões faciais. Os “olhos de cachorrinho”, segundo nós, pode significar que o cachorro está se sentindo culpado. Mas, será que está mesmo?
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Charles Darwin foi um dos primeiros a especular sobre a natureza das expressões faciais em mamíferos, abordado em seu livro de 1872, The Expression of the Emotions in Man and Animals. Os cães são vistos como mais expressivos do que os gatos, até porque a convivência doméstica dos felinos com os humanos é cerca de 24 mil anos mais curta do que a dos caninos.
Mas, apesar de serem relativamente mais difíceis de ler, ao que parece, eles produzem um conjunto de expressões faciais tão complexas quanto aquelas evocadas por seus equivalentes caninos. E embora pareçamos ler os cães com mais precisão, estudos têm mostrado que não somos tão hábeis em discernir o verdadeiro significado de suas expressões como pensamos que somos.
Geralmente, os humanos fazem uma análise sobre os rostos dos animais usando como base o Facial Action Coding System (FACS) desenvolvido para caracterizar as expressões humanas em 1978. A versão canina do sistema, o Dog FACS, identificou mais de 20 descritores de movimentos faciais caninos. Essas descrições, no entanto, são neutras em termos de valor, ou seja, elas não atribuem emoções particulares aos movimentos.
Um estudo recente mostrou como os cães que comiam uma guloseima proibida e faziam “olhares de cachorrinho” eram classificados como culpados. Mas, no mesmo estudo, os cães faziam o olhar de “culpado” quando levavam uma bronca, mesmo sem terem feito nada de errado. Parece que a expressão foi mais um resultado de angústia com a desaprovação de seus donos do que quaisquer verdadeiros sentimentos de culpa.
Outro estudo expôs bebês humanos a imagens de cães exibindo expressões lúdicas e agressivas descobriu que eles eram capazes de combiná-las com latidos correlacionados. “Adultos e crianças mais velhas, no entanto, são muito menos precisos”, observou Ross Flom, professor assistente de psicologia na Southern Utah University e autor principal do estudo. “Ou seja, os adultos tendem a tratar todos os latidos inicialmente como agressivos.”
Segundo ele, nossa experiência muda de tal forma que tendemos a tratar cada latido como agressivo. À medida que envelhecemos, generalizamos os latidos como hostis, independentemente da expressão no rosto do cão. Os bebês, no entanto, usam sutilezas acústicas para determinar ou diferenciar entre brincadeiras e latidos agressivos.
O Cat FACS, por outro lado, identificou mais descritores do que para cães, o que é surpreendente considerando a maneira como os humanos pensam que os felinos são menos expressivos que os caninos.
Enquanto a pesquisa canina enfatizou as interações sociais, muitos dos estudos com felinos se concentraram em expressões que indicam dor. Dado o repertório vocal mais limitado dos gatos e nossa compreensão pouco sofisticada de suas expressões, isso pode afetar a forma como cuidamos dos felinos, ou seja, saber como os gatos demonstram suas dores pode ser a chave para que eles consigam tratamento médico mais rapidamente.